Todo pai conhece sua rotina. Depois de trabalhar para fazer a criança agitada dormir, inicia-se uma caminhada em direção à cama; coloca-se lentamente o bebê na posição de bruços, e, em seguida, retira-se do quarto silenciosamente, para deixá-lo ter uma noite tranquila. O pai anda na ponta dos pés, até que um simples ruído faz todo o processo recomeçar.
Por outro lado, marretas não sabem nada sobre quietude. E um velho pedaço de concreto estranhamente deixado em um quintal precisa ser removido. Isso não acontecerá como no caso anterior: silenciosamente na ponta dos pés. Este segundo tipo de trabalho exige golpes pesados de uma marreta de aço, batendo no concreto.
Andar na ponta dos pés e marretas tem seus lugares e usos apropriados, mas não na liderança pastoral, especialmente quando se trata da política da igreja.
Tradições
Ao longo dos anos, igrejas podem adotar hábitos, tradições e práticas antibíblicas quando negligenciam as instruções na Escritura. Sua prática política pode se assemelhar ao caos de um parque de recreio de uma escola do ensino médio, ou à formalidade enfadonha de uma sala de reuniões, ou ainda, a briga de um grupo rival da atmosfera do local de reunião de um sindicato. Em todo o tempo eles falham em mostrar a glória do evangelho que supostamente os une. Eles falham em agir como a igreja que Jesus redimiu com seu sangue (Atos 20:28).
Então, a igreja faz um convite a um homem para servir como pastor. Eles cresceram tão acostumados com sua política desastrosa que não a percebem. Mas o pastor, sim. Ele vê a desunião, as lutas internas, a confusão, e a fala em caminhar em amor. Ele faz uma “cara feia” para a membresia da igreja que está debilitando ainda mais a saúde da igreja. Ele reconhece a falta de um pastoreio fiel que deveria ser feito pelos mais velhos, mas essa liderança por parte de homens mais velhos não ocorre. Com muita coragem, ele aceita o convite para servir naquela igreja e inicia uma dolorosa jornada de levar práticas bíblicas para aquela congregação.
O pastor sabe que mudanças precisam acontecer. Ele está convencido, enquanto lê o Novo Testamento, estuda a história da igreja e ouve relatos de igreja saudáveis, de que isso precisa acontecer. Ele pesquisa, busca bons conselhos, e inicia sua estratégia onde e como mudar o rumo do barco. Os pastores anteriores parecem ter feito pouco para mover a igreja à uma estável política bíblica. Negligência e procrastinação fazem as responsabilidades do novo pastor serem mais difíceis e intensas.
Contudo, o que ele vai fazer? Se ele andar na ponta dos pés por anos, com medo de uma reação inevitável, a mudança apropriada não acontecerá, e esperará até o momento em que só poderá recuar. Se ele aborda a situação usando uma marreta, ele, provavelmente, dividirá a igreja e ferirá muitas pessoas fiéis no processo, enquanto arrogantemente coloca seu currículo numa nova posição de disponibilidade.
Um caminho melhor
Exponha fielmente a Palavra de Deus a cada reunião nos domingos.
Nada pode substituir o estudo sequencial dos livros da Bíblia para desmantelar ideologias defeituosas, construir uma fundação centrada no evangelho e estabelecer uma estrutura para a unidade da igreja. A Palavra é afiada, poderosa e penetrante, indo assertivamente ao coração das questões. Em vez de pular para uma série separada sobre política eclesiástica, tente abordar esse assunto naturalmente nas cartas Pastorais ou em Atos. Deixe a congregação ver e experimentar o contexto bíblico ao ler as verdades essenciais quanto a política bíblica que deve ter uma igreja.
2. Discipline os homens.
Siga a prescrição de Paulo a Timóteo de ensinar os homens fiéis (2 Timóteo 2:2), pois eles espalharão essa boa palavra ao ensinar a outros. Isso não significa que você não pode se apressar em mudar a política que a igreja tem vivido. É uma questão de discipular em vez de forçar uma mudança administrativa para tornar a vida mais fácil para você. Quando os homens aprendem a andar com Cristo, eles naturalmente desejarão ser fiéis ao seu ensino. Eles endossarão o que você prega no púlpito, se pacientemente discipliná-los a pensar biblicamente.
3. Concentre-se na saúde da igreja antes das mudanças políticas.
Embora eu acredite que a política bíblica da igreja afeta sua saúde, isso não pode ocorre como num passo de mágica. A congregação deve entender o evangelho. Se você quer liderá-los na comunhão bíblica que deve ter a igreja de Cristo, eles devem compreender a natureza e a prática da igreja local. Eles devem perceber a prioridade da unidade do corpo.
Isso não significa que todos irão cooperar. Tipicamente, quando um pastor expõe a Palavra, ensina sobre homens piedosos, e foca na aplicação do ensino bíblico para a saúde e unidade da igreja, ele causará a reação de alguns que não estão inclinados ao cristianismo bíblico. Isso leva a uma quarta prática.
4. Pacientemente, mas com segurança, avance no ensino, treinamento e aplicação da Palavra de Deus com relação a política da igreja.
Raramente ouço falar de uma igreja que não tem negativistas quando se trata de mudar a política da igreja. E isso é apenas parte do processo. Aqui é onde você enfrenta o desafio de suportar as dificuldades como um bom soldado de Cristo (2 Timóteo 2:3). Nesse ponto é onde sua paciência como líder espiritual será provada (2 Timóteo 2:24-26). Parece que, se há um fundamento bíblico numa igreja particular, quando o pastor os guia pacientemente, ensina cuidadosamente, ama-os apesar de suas falhas, e os leva lentamente na direção certa, a maioria das igreja seguirão o pastor, se ele suportar todas essas dificuldades.
Na minha perspectiva, muitos bons irmãos desistem cedo demais, antes mesmo de as igrejas terem absorvido seu ensino e aprendido a seguir sua liderança. Eles são impacientes quando a igreja não responde imediatamente, e pensam que precisam encontrar pastos mais verdes. Não é assim que as coisas funcionam, irmãos! Então, avance na reforma, mas faça isso pacientemente.
5. Você não precisa andar na ponta dos pés ao redor do ensino bíblico; mas também não deve bater na congregação.
O bom pastoreio dá-se na firmeza de alimentar, cultivar, cuidar e assistir o rebanho. Você não pode fazer isso na ponta dos pés. Nem pode ser feito com uma marreta. Isso acontece quando jovens pastores procuram servir como Jesus fez.
Seja encorajado
Como forma de encorajamento, ouvi recentemente sobre um grupo de irmãos pastores que pacientemente ensinaram sua igreja sobre política bíblica, incluindo membros regenerados à membresia e à liderança dos irmãos mais velhos. A igreja deles não tinha um documento político, então iniciaram do zero. A igreja antes era desordenada. Não haviam pensado sobre o que a Bíblia ensinava sobre política eclesiástica.
Depois de ensinar sobre a mesma de forma bíblica, os pastores procuraram individualmente a maioria dos membros da congregação para perguntar se haviam lido a proposta de política que haviam escrito. Algumas pessoas que não haviam lido votaram contra a nova política, admitindo que alguém lhes disse para se oporem. Quando a “poeira baixou”, a grande maioria da igreja aprovou a mudança para a política bíblica de igreja que fora sugerida. Em vez de desistir quando as coisas ficaram difíceis, esses dois pastores foram pacientes e continuaram a amar o rebanho, avançando para as mudanças bíblicas. Bendito seja Deus pela graça que ele concede para o trabalho pastoral!
Autor: Phil Newton
Fonte: Southern Equip
Tradução: Paulo Ulisses
Divulgação: Reformados 21
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