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A Hipocrisia do Perdão Humano - Gustavo Maurício

Atualizado: 5 de ago. de 2020

Principalmente nós, cristãos, falamos muito sobre perdão e perdão. Sabemos sua importância, pregamos sua necessidade, exortamos a sua prática como exigência crassa do “perdoe e seja perdoado”, sabemos que aquilo que desejamos a nós mesmos, isso mesmo é o que devemos fazer ao próximo, sabemos que Deus se agrada de misericórdia e não de sacrifícios, sabemos que a oferta única a quem nos bate a face é oferecer a outra, sabemos que a quem nos leva a capa devemos oferecer-lhe também a túnica e a quem nos obriga a caminhar uma milha, devemos oferecer gratuitamente andar a segunda… e a todo mal que nos fizerem, devemos pagar com o bem, com o perdão e com o amor. Listamos Marcos 11:25; 11:26; Mateus 6:14; 6:15; 18:35; João 20:23… e tantas outras referências para respaldar nossos conceitos sobre perdão.


Deus nos perdoou a dívida humana que tinha por recompensa a morte, e nos deu gratuitamente o dom da vida, consigo mesmo, mediante o sacrifício vicário de Cristo na cruz. Receber por fé este perdão, é assumir uma dívida de gratidão com Deus. E mediante a fé, se posicionar como verdadeiros seguidores de Cristo, nós, pequenos "cristos", ou cristãos… o que nos leva a viver uma vida semelhante a que Ele viveu, indo para cruz e perdoando a dívida de todos aqueles que nos ofenderam… enfatizando que são “todos” aqueles que nos são devedores.


Mas de fato, o perdão tem sido relativizado em muitos aspectos. Fizemos dele o que bem entendemos… segundo as conveniências, segundo as normas corporativistas, segundo as posturas mais adequadas ao nosso sucesso, ao nosso destino, a nossa carreira, ao “nosso” ministério. Justificamos usando Salmo 1 para nos afastar de todos aqueles que nos ofendem em julgamento implícito e temerário, mas, esquecemos que “se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer”; Usamos 1 Co 5:11, para não nos assentarmos em comunhão com determinadas pessoas, mas esquecemos que o perdão de Deus nos conduz e viabiliza o acesso consigo mesmo, ou seja, o perdão de Deus nos traz de volta ao relacionamento e a comunhão com Ele. O objetivo do perdão de Deus é resgatar a comunhão, estabelecer diálogo, e como se não bastasse, ainda nos adota como filhos, nos dá um novo nome, um anel no dedo, sandálias nos pés, vestes novas e prepara seu "novilho cevado".


Mas o perdão humano, ou por infelicidade, de muitos ditos cristãos e evangélicos é mesquinho, é doente, é egoísta, é interesseiro, é uma aberração medíocre da total falta de amor, pois o verdadeiro amor não busca seus interesses, e lança fora o medo de sofrer, o medo de acreditar, pois o amor não se envaidece, tudo espera, tudo suporta, tudo crê. Mas vivemos uma geração onde o “deus ventre” tem assumido formas institucionalizadas padronizando condutas e perpetrando valores dentro do próprio evangelho. É piegas, é até sinônimo de tolice suportar traidores. Somos uma sociedade tão inteligente… pra que acreditar em quem nos fere? parece até que Cristo não disse “… mas até setenta vezes sete.”. O que nos parece isso então? Seria pieguice de Deus nos perdoar? Será que nós mesmos merecemos o crédito de achar que somos diferentes do nosso próximo? e que algum dia nesta terra deixaremos de ser pecadores??? O que será que nos tornamos? Temo que "nossa seita" evangélica tenha se tornado uma aberração hipócrita e farisaica… (espero que me perdoem…), eu não quero fazer polêmica, mas quero deixar claro que perdão sem comunhão é enganação e que perdão sem comunhão é vingança, é rebaixar o padrão de Deus para o perdão… pelo menos em nossas pregações dizemos que o padrão para perdão é o padrão de Deus… pura enganação… pelo menos quando se trata de nós mesmos.


Mas por que tudo isso acontece? A razão é única… nosso evangelho deixou de lado a cruz! Apesar de sabermos teologicamente, na letra, no ensino, que um seguidor de Cristo deve tomar sua cruz, na prática porém, deixamos a cruz de lado e tomamos o consolo e o conforto da cama acolchoada e adoecida para nossos apetites temporais. Estamos construindo uma cama para nossa prosperidade, uma cama para nossos relacionamentos, uma cama para nossas teologias, uma cama para nosso sucesso no ministério, uma cama de prazeres, todos eles com muita base bíblica desconexa, mas sem o fundamento da cruz.


É na cruz que se calam todos os nossos juízos, porque ali, lembramos do nosso próprio pecado e da trave enfiada nos nossos olhos;


É na cruz que se calam as calúnias e acusações, pois, ali se entende que a cédula que era contra nós foi riscada, cancelada… ao invés de publicada;

É na cruz que não sentimos a dor daqueles que nos ferem, exceto a própria ferida refletindo a pobreza e a miséria em nossa própria carne;

É na cruz que nossa consciência e visão se unifica em uma única declaração sincera e não forçosa, nem hipócrita do “perdoa-os, PAI, eles não sabem o que fazem…”;

É na cruz que o verdadeiro perdão não aceita condições para subsistir, não impõem regras nem promessas… é um ato de fé, de consideração de nova chance e nos permite a dar votos e créditos a quem quer que seja, da mesma forma que assim recebemos, sendo ainda nós mesmos indignos de receber qualquer crédito;

É na cruz que o perdão é restaurador, um verdadeiro resgate ao relacionamento e à proximidade que nos leva a declarar “ainda hoje estarás comigo no paraíso”;

É na cruz que todos somos de igual importância e valor, onde não há lugar para menosprezo nem soberba, santos e bandidos, todos carentes da glória de Deus.

Perdoe… e seja filho de Deus!


Pastor Gustavo Maurício

09.06.2009.

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